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Testemunho

Igreja da Ajuda - Local de realização do Testemunho

Testemunho de um sócio da A.S. A. solicitado pelo Pároco Francisco dos Santos,

aquando a cerimónia de abertura do Ano da Fé na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda

(Nov. 2012), sede da Associação e local de fundação do grupo de jovens "Ser Ajuda".

 

 

Boa noite:

 

               "Antes de mais e em nome da Associação Ser Ajuda agradeço o convite realizado pelo Senhor Padre Francisco.

           Durante 7 anos fiz parte do grupo Ser Ajuda, e actualmente faço parte da Associação Ser Ajuda desde a sua fundação, há quase um ano. Contudo, não venho cá hoje dar o meu testemunho de fé pessoal, mas transmitir uma mensagem por parte de toda Associação realizada após uma reflexão conjunta.

            Tudo começou há cerca de 8 anos, movidos pelo ICNE (o Congresso Internacional para a Nova Evangelização), realizado em 2005 na cidade de Lisboa. Nessa altura, o Cardial-Patriarca D. José Policarpo deixou um apelo à participação activa no Congresso Internacional, em especial aos jovens, “para que mostrassem, com simplicidade, a sinceridade da nossa fé” com o fim de nos tornarmos “com o nosso ardor, testemunhas vivas da esperança” (2005).

            Tal como o Santo Padre Bento XVI referiu, “Há um momento, quando somos jovens, em que cada um de nós se pergunta: que sentido tem a minha vida, que finalidade e que orientação lhe devo dar?”

            O renascimento do Ser Ajuda, como grupo, partiu exactamente deste contexto e apelo: o de viver a fé, como jovens. Nessa altura, a nossa paróquia não tinha um grupo de jovens com todas as características do mesmo, embora existissem vários grupos com jovens que ainda hoje existem, com missões igualmente válidas.

            Neste sentido, um grupo específico de jovens da nossa igreja que tinha realizado o sacramentoda confirmação há pouco tempo e que não se sentia especialmente vocacionado pelos restantes grupos existentes na igreja, decidiu arriscar e criar um novo conceito de grupo, e uma nova estrutura que nos permitisse crescer na fé. Era de facto um grupo muito novo. Em média, tínhamos 14/15 anos de idade.

            Respondendo a este apelo, o Ser Ajuda começou a sua primeira fase, que perdurou por dois anos: a de grupo de jovens. Neste sentido, fizemos diversas actividades com o fim de percebermos melhor o que implicava ser um jovem cristão: promovemos momentos de oração, realizámos missões de rua, procedemos à promoção diálogos com o fim de conhecer diferentes opiniões, reflectimos sobre a palavra de Deus, entre outras iniciativas. Como era óbvio e muito devido à nossa idade, nem tudo correra ao início bem. A inocência da juventude era, de facto, o nosso maior trunfos, mas também a nossa maior desvantagem.

          Mas o grupo servia também para experimentar diversos papéis, e descobrirmo-nos através de Cristo reflectido no Outro, onde era permitido errar para mudar e assim construir em grupo uma relação pessoal com Deus.

            E assim, durante esses dois primeiros anos, o grupo mudou e muitas foram as pessoas que entraram e sairam do mesmo. Foram muitos os bons momentos, mas também foram muitos os momentos que o marcaram negativamente. Contudo, todas as pessoas que passaram pelo grupo tiveram um papel importante marcando-o com a sua personalidade, história, e entrega permitindo que chegasse aos dias de hoje. Sendo assim, todos os maus momentos serviram para nos ajudar a crescer e para nos ensinar a dar valor ao grupo e a reagir a situações adversas, aprendizagens essas que ainda hoje são uma mais-valia.

            Nesta fase, e por vezes da maneira mais difíl, aprendemos a antes de falar, ouvir. Antes de agir, pensar. Antes de criticar, conhecer. E antes de desistir tentar , resistindo ao sermos fiéis às nossas convicções.

            Após este tempo, a necessidade de colocar em prática a nossa fé e levá-la ao outro falou mais alto. Sendo assim, a partir de 2007, o grupo de jovens Ser Ajuda, mudou pela primeira vez, e canalizou as suas acções na ajuda ao próximo ,como Grupo de Jovens Sócio-Caritativo. Nessa altura, Deus era “o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.” (Salmos 46:1). E como grupo decidimos ser também o apoio do Outro e o seu auxílio. Foi assim dado sentido ao nome do próprio tgrupo e começámos a ser realmente a Ajuda de quem sofre.

            Durante cinco anos, como grupo sócio-caritativo, prestámos apoio local a necessitados, apoio aos sem-abrigo, angariámos fundos para outras associações, orámos por quem mais necessitasse. Ao realizamos parcerias com outros projectos e associações, conhecemos outros testemunhos e sentimos que Deus estava a falar connosco através dessas pessoas, a convidar-nos para dar-mos mais de nós e a não ter medo de arriscar ao formarmos o nosso próprio projecto de caridade.

            No final desses cinco anos finais do grupo como projecto sócio-caritativo, percebemos que já não tinhamos 15 anos. Que os nossos objectivos tinham mudado. Que nós tinhamos mudado. Que a inocência deu lugar à força, que o medo deu lugar à motivação, e que os bons e maus momentos estavam a dar agora lugar a alguma experiência de vida. Para além disso, não éramos só nós que tinhamos mudado: o próprio contexto na nossa igreja estava diferente: já existiam outros grupos de jovens, e após 7 anos de grupo, já não fazia sentido continuar o mesmo projecto. Como grupo, já tinhamos feito de tudo um pouco. A rotina já tinha tomado conta de nós. E começámos a preparar um novo caminho: o de voltarmos a refundar-nos, e assim assumir outras responsabilidades. De tornar o Ser Ajuda não um grupo de apoio a outros, mas o grupo de ajuda primária.

            O Ser Ajuda, como qualquer grupo de jovens (que por si, têm um princípio, meio e fim) tinha, assim acabado. No dia do seu encerramento, que foi no início deste ano, não houve lágrimas, lamentos, mas alegria. Foi um caminho realizado sem remorsos, sem lamentos, onde aproveitámos ao máximo cada bom e mau momento. Mas a vontade de continuar, mesmo após o encerramento do grupo, prevaleceu, com o fim de darmos uso às competências assimiladas e aprendizagens adquiridas de como prestar ajuda aos mais necessitados.

            Assim sendo, após os sete anos totais de grupo, o Ser Ajuda voltou comprometido a ser mais e cumpriu um sonho que outrora achou ser inalcansável.

            Deste modo, a 9 de Janeiro 2012 foi fundada a ASA - Associação Ser Ajuda, uma Associação Sem Fins Lucrativos, de Luta contra a Pobreza e Exclusão Social, proveniente da vivência dos jovens que fundaram o antigo grupo, onde muitos deles eram colegas de catequese e que entretanto se tornaram elos de referência num projecto sustentável de caridade. No dia em que a Associação foi formada, sentimos, orgulho, mas muito, muito medo. Era o desconhecido completo, apesar da formação superior de alguns membros da nova associação na área de actuação da mesma, o serviço social. Gerir uma Associação era concerteza muito diferente de gerir um grupo. Tudo poderia correr terrivelmente mal. Mas tudo fazia, inesperadamente, sentido nos nossos corações, e sentimos uma paz presente em todos que nos murmurava que tudo iria correr bem.

            Com a Associação nasceu também a sua primeira iniciativa, o “Projecto Ajuda +”, que consistia na formação de um sistema de ajuda a famílias carenciadas de acordo com os seus rendimentos, e a criação da primeira loja social, vulgo Centro de Bens.

            Hoje em dia este projecto encontra-se no terreno, e tem sido um sucesso: cada vez são mais as famílias inscritas, em tempos que cada vez mais justificam a existência da nossa Associação. Apesar de sermos 9 elementos passámos a contar com a ajuda de muitos colaboradores de todas as idades que são indispensáveis para que hoje consigamos pensar em adoptar novos projectos.

            Actualmente, a Associação tem em si uma face. E essa face provém das pessoas a quem prestamos apoio, por Cristo e iluminados pelo Espírito-Santo, integrados como Associação protocolada com a nossa Paróquia. Não é a “nossa” associação, mas a associação de todos.

            O nosso objectivo passou a ser o seguinte: fazer com que a própria Associação perca o seu sentido, num mundo que pretendemos construir sem pobreza, e onde cada pessoa se sinta acolhida na sociedade e no próximo. Pertencer, assim, a uma cadeia de mãos solidárias que se unem em torno de pessoas com necessidades num mundo cada vez menos esperançoso. Ajudar o próximo sem esperar receber nada em troca, sabendo contudo que quem pratica a caridade sabe que acolhe sempre um sentimento puro de felicidade e de missão cumprida…e por si tal basta para enfrentar todos os obstáculos que a vida possa trazer… e a nossa missão, por esses momentos, já valeu a pena.

            Queremos hoje dirigir a nossa reflexão a todos os jovens que nos possam estar a ouvir. Para eles, aqui fica um apelo: não desistam dos vossos sonhos. Tenham a tão referida hoje “fé”. Saibam construir um terreno sólido por muito tempo que demore, para fazerem florir os vossos sonhos. E, principalmente, confiem em Deus e no projecto que ele tem para cada um de vós.

            Nunca deixem que vos digam que algo não é possível, que não vale a pena, que são demasiado poucos, ou que são novos demais para o conseguir. Não deixem que a vossa idade seja sinónimo de incapacidade para ajudar o outro. Acreditem e lutem!

            Contudo, não vos queremos iludir: se optarem por seguir os vossos sonhos, vão vivenciar momentos difíceis e até momentos de desilusão. Vão sentir que por vezes seria melhor desistir, e que a luta é infrutífera. Nesses momentos, nós próprios lembrámo-nos muitas vezes das palavras que um sem-abrigo há uns anos atrás nos disse: "O patrão de lá de cima (referindo-se a Deus) diz que parar é morrer!".

            Assim sendo, como cristãos, continuaremos a confiar nas palavras do nosso Deus: “Está escrito: Não temas, porque Eu Sou contigo; não te assombres, porque Eu Sou o Teu Deus; Eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra justiça” (Is 41:10). E juntos, continuaremos enquanto for da Sua vontade."

 

Obrigado.

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